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Barragem Passaúna

Abastecimento no Paraná não é afetado pela crise hídrica do Sudeste

30/01/2015

Mesmo assim, é essencial que a população colabore usando a água sem desperdiçar

A crise hídrica que atinge os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais não afeta o abastecimento de água tratada no Paraná. Nos municípios atendidos pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) são verificados apenas problemas pontuais, quando a empresa realiza serviços de manutenção ou obras. A falta de água, na maioria das vezes, só é percebida pelo cliente que não possui caixa-d’água instalada no imóvel conforme orienta a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

“O planejamento de longo prazo vem norteando o trabalho da Sanepar há décadas. Antes mesmo de a Sanepar ser criada, já havia um plano diretor de recursos hídricos para a região de Curitiba, na década de 1940. Com a revisão permanente do Plano Diretor do Sistema Integrado de Curitiba já temos definidas as ações que serão executadas até 2040”, afirma o presidente da Sanepar, Mounir Chaowiche. O Plano Diretor de Curitiba é atualizado a cada dez anos com base nos dados do Censo do IBGE.

Chaowiche destaca ainda que a Sanepar tem trabalhado para ampliar, a cada ano, o volume de investimentos. “O governador Beto Richa entende que o abastecimento de água no Paraná é um serviço prioritário. Nós sabemos da importância da regularidade das chuvas no Paraná, neste momento. E, por determinação do governador, vamos manter os investimentos de forma abrangente, por todo o Estado”, disse o presidente.

A Sanepar é responsável pelo fornecimento de água para 10 milhões de paranaenses em mais de 700 localidades. Destas, apenas em pequenos sistemas a produção pode ficar comprometida pela redução de vazão dos poços, em decorrência da estiagem. Quando isto ocorre, a empresa perfura outros poços ou abastece, emergencialmente, por caminhão-pipa. O aumento da temperatura também pode afetar o abastecimento. No Paraná, quando as altas temperaturas superam as médias tradicionais, o consumo pode aumentar em até 30%, em relação ao inverno. “Com o calor das últimas semanas, a população está consumindo 10% a mais de água em relação aos verões anteriores”, afirma o diretor de Operações da Sanepar, Paulo Alberto Dedavid.

Eventuais falta de água, por curtos períodos, também são registradas quando a empresa realiza manutenções preventivas. São 50 mil km de rede de água que exigem intervenções que superam a média de 400 mil por mês, ou seja, por ano, são mais de 5 milhões de consertos, implantação de equipamentos, expansão de trechos de rede e outras ações para melhorar as condições de abastecimento. “São ações de rotina. Não entram nesta conta as interrupções devido às obras de grande porte”, afirma o diretor.

Dedavid reitera que, apesar da situação tranquila quando comparada com a dos estados do Sudeste e com as dificuldades do setor elétrico, o momento requer atenção dos paranaenses. “Cada cliente precisa economizar, usando água tratada racionalmente. Agora a estiagem não nos afeta, mas as atitudes responsáveis em relação a este bem devem ser praticadas todos os dias.

CURITIBA E RM – Em Curitiba e Região Metropolitana a situação de abastecimento é bastante confortável. O sistema integrado permite remanejar água tratada para qualquer região, independentemente de onde tenha sido produzida. “Esta integração é o grande diferencial no sistema de abastecimento da capital e dos municípios vizinhos”, diz Dedavid. Nas quatro barragens (Piraquara I, Piraquara II, Iraí e Passaúna), hoje, o armazenamento chega a 98% da capacidade. Este volume é suficiente para atender a RMC por até 8 meses, sem chuva, dependendo do consumo. Para atender o crescimento da região, a Sanepar planeja expandir o sistema. Devem ser investidos R$ 350 milhões em reservatórios e adutoras. Também está prevista a construção de mais uma barragem, a do Miringuava.

Em 2013, foi concluído o último plano diretor, com ações previstas e orçadas para até o ano de 2040. “Estão identificadas as necessidades futuras, em função do aumento do consumo e da população, entre elas a construção de reservatórios, elevatórias, captações, barragens, estações de tratamento e adutoras. O custo global está estimado em R$ 547 milhões”, afirma Dedavid.

PONTA GROSSA – Em 2014, na cidade de Ponta Grossa, foi implantado o rodízio no fornecimento de água. Parte do problema foi resolvido com a conclusão das obras para atender a região do Uvaranas. Outros empreendimentos vão ampliar o sistema e melhorar as condições do abastecimento. Há alguns dias, uma intercorrência na captação do Rio Pitangui, responsável pelo atendimento de 70% da população, deixou sem água os moradores que não possuem reservatório domiciliar. Além do Rio Pitangui, a represa do Alagados também é utilizada para abastecer a cidade.

LONDRINA – As obras recentemente concluídas permitiram dobrar a capacidade de produção com água tratada no sistema que atende os moradores de Londrina e Cambé, que são abastecidos pelos rios Cafezal e Tibagi, além de poços do Aquífero Guarani. Os investimentos asseguram o abastecimento até o ano de 2030. Em 2014 começou a ser feito estudo para analisar, em três anos, a disponibilidade hídrica de 13 cidades, entre Londrina e Maringá, em relação à demanda de água tratada para os próximos 50 anos. Do estudo resultará o Plano Diretor de Recursos Hídricos, que direcionará todos os projetos futuros de ampliação dos sistemas nestas cidades.

MARINGÁ – A cidade é abastecida pelo Rio Pirapó e não há risco de desabastecimento. Para garantir o atendimento, em função da expansão do município, nesta semana foi autorizado o início de mais obras no sistema de abastecimento de água, no valor de R$ 8,92 milhões. Entre as intervenções estão a implantação de 18,5 km de anéis, quatro conjuntos motobomba em estações elevatórias e instalações de redutores de pressão.

FOZ DO IGUAÇU – Este é o único sistema da Sanepar que exigiu intervenção devido à estiagem que assola o Sudeste brasileiro. Como o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou que a hidrelétrica de Itaipu opere em outra cota, a Sanepar precisou instalar uma captação flutuante para extrair a água num nível mais baixo. 70% da água tratada consumida em Foz do Iguaçu é fornecida pelo Lago de Itaipu. O restante vem do Rio Tamanduá.

CASCAVEL – A produção de água tratada está no limite da demanda. Ainda no primeiro semestre deste ano devem ser iniciadas as obras de construção do sistema do Rio São José para reforçar o volume atualmente produzido pelos poços e sistemas dos rios Cascavel, Saltinho e Peroba.

FRANCISCO BELTRÃO – Em ampliação, o sistema de produção conta com a estação de tratamento de água compacta, que está atendendo emergencialmente a demanda.

GUARAPUAVA – A capacidade de produção foi recentemente ampliada em 10%. Ainda podem ocorrer dificuldades pontuais, nos bairros mais distantes e nas regiões mais altas da cidade. Está em andamento o projeto que vai resolver as dificuldades para as próximas décadas.

APUCARANA E ARAPONGAS – As dificuldades enfrentadas até pouco tempo foram sanadas com a interligação de poços que passaram a abastecer as duas cidades.

LITORAL – A infraestrutura instalada nos municípios do Litoral atendidos pela Sanepar permanece onerosa na maior parte do tempo. Em apenas dois momentos é exigida a capacidade máxima: Reveillon e Carnaval. Na última passagem do ano, em alguns balneários, a falta de pressão, durante o dia, impedia a água de subir até a caixa-d’água, mas os clientes eram abastecidos até o cavalete. À noite, o abastecimento era regularizado. “No Carnaval não deve faltar água graças às melhorias que fizemos, que nos permitiu ampliar em 20% o volume de água tratada”, afirma Dedavid.

Galeria

  • Barragem Passaúna
  • Barragem Piraquara II
  • Barragem Iraí
  • Represa do Alagados abastece os moradores de Ponta Grossa
  • Captação no Rio Tibagi, após tratada, água é distribuída para Londrina e Cambé