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O professor Klaus Fischer, da Alemanha, falou sobre a tecnologia avançada para o tratamento de resíduos sólidos

Cinzas do lixo urbano podem ser aproveitadas pela construção civil

24/01/2014

Incineração e desidratação são apresentadas como destino final do lodo de esgoto

Durante a programação do Fórum Horizontes do Saneamento, promovido pela Sanepar, nesta sexta-feira (24), o especialista em gerenciamento de resíduos, professor Klaus Fischer apresentou um panorama geral no mundo e situando a posição brasileira. “A produção de plástico no Brasil é muito alta, representa 18,8% do lixo urbano coletado. Por isso, o desafio é buscar alternativas de gerenciamento dos resíduos sólidos com baixíssimo custo”, alerta o professor do Instituto para Fornecimento de Água, Qualidade da Água e Gestão de Resíduos Sólidos da Universidade Stuttgart, Alemanha.

Uma das opções para solucionar o problema, além das técnicas de separação do lixo reciclável que são bem conhecidas, ele propõe a incineração e a agregação das cinzas ao cimento, destinado à construção civil. Outra proposta do professor é a geração de energia pelo aproveitamento dos gases emitidos nos aterros sanitários.

LODO DE ESGOTO – O tratamento de esgoto gera grande volume de um subproduto, o lodo de esgoto. Este resíduo, formado por vários componentes, necessita de destinação adequada para atender a legislação ambiental. No Fórum, foram apresentadas as experiências que utilizam a secagem e a incineração do lodo.

Do painel mediado pelo diretor de Meio ambiente e Ação Social, Péricles Weber, participaram Mike Weeks e Mehdi Hashemian, que atuam em uma empresa que presta serviços em todos os continentes e Hideo Yamamoto, chefe de pesquisa da Japan Sewage Works Association.

A secagem do lodo é uma opção para reduzir o volume e os custos de transporte. “O volume do esgoto após passar pelos processos de desidratação e secagem pode ser 95% menor”, afirma Mike Weeks, reiterando que, mesmo seco, o lodo de esgoto pode ser utilizado na agricultura. Ele apresentou quatro tipos de tecnologias que podem chegar a este resultado.

No Japão, além de ser destinado para agricultura, o lodo de esgoto é utilizado na geração de combustíveis para usina termoelétrica e para veículos a gás. O principal processo de redução de volume é a secagem, por meio de várias tecnologias, como desidratação em fornos e a carbonização. Os gases de saída também são tratados.

NOVAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO As tendências para pós-tratamento de água e de esgoto, com uso de tecnologias por membrana e aplicação de ozônio, foram abordadas no painel que encerrou os debates técnicos do Fórum Horizontes do Saneamento. O engenheiro Mathias Rothe, do Departamento de Tecnologia de Membrana da empresa alemã ProMinent, explicou o processo de filtragem por membranas, como a tecnologia de osmose reversa, que remove da água íons menores - não removidos por outras formas de tratamento - e que pode ser utilizada para a dessalinização. Com início na década de 1970, as pesquisas que desenvolveram a osmose reversa foram sendo aperfeiçoadas ao longo do tempo até chegar a uma dessalinização de 99,8%.

O engenheiro industrial Erik Marnung, da empresa sueca Primozone, relatou que a utilização do ozônio para tratamento de água potável é muito antiga, mas nos últimos 20 anos tem seu foco no tratamento de água residual. Essa tecnologia remove, por exemplo, bactérias filamentosas que não são retiradas no processo tradicional de tratamento de esgoto. Outra importante utilização do ozônio é na remoção de micropoluentes, como os medicamentos descartados pelos usos hospitalares, individuais e de fabricantes. "Ainda estão sendo desenvolvidas pesquisas neste sentido. Mas, sem dúvida, este é um grande tema de discussão na União Europeia", afirma.

Como são tecnologias de ponta e ainda de alto custo, os palestrantes ressaltaram que a aplicação deve ser estudada de forma específica em cada situação, considerando as características de cada sistema. Para o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Péricles Weber, é importante conhecer e debater essas tecnologias mesmo que ainda não haja previsão de aplicação no setor de saneamento no País.

 

 

Galeria

  • O professor Klaus Fischer, da Alemanha, falou sobre a tecnologia avançada para o tratamento de resíduos sólidos
  • Tratamento de resíduos sólidos foi um dos assuntos debatidos durante o Fórum Horizontes do Saneamento
  • Hideo Yamamoto falou sobre a experiência do Japão na secagem e incineração do lodo
  • Em dois dias, especialistas em saneamento de todo o país assitiram a vários painéis sobre os desafios do setor
  • No último painel do Fórum, Erik Marnung falou sobre a aplicação do ozônio no tratamento de água