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A advogada Sandra Bazzo Barwinski destacou os impactos da violência nas relações de trabalho

Combate à violência contra a mulher é tema evento na Sanepar

26/10/2018

Debate sobre a violência e suas consequências na sociedade e no ambiente corporativo foi um dos enfoques das palestras

Há exatos dois anos, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi a primeira empresa de saneamento do Brasil a lançar um programa corporativo para promover a equidade de gênero dentro da empresa. O Programa Equidade@Sanepar também ajuda a Companhia a cumprir o objetivo de número 5 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

Para possibilitar que temas como desigualdade de gênero e violência contra a mulher sejam ainda mais abordados na empresa, a Companhia promoveu, nessa quinta-feira (25), o evento "A Sanepar no combate à violência contra a mulher". Realizadas no Auditório Tarumã em Curitiba, as palestras e os debates foram exibidos também para funcionários de todo o Estado nas salas de videoconferência.

A advogada Sandra Bazzo Barwinski, integrante do Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem) e presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero (Cevige) da OAB/PR, falou sobre "Violência doméstica e familiar: como conhecer e ajudar quem precisa". "Em princípio, as pessoas não entendem a violência contra as mulheres como de interesse nas relações de trabalho. Daí a importância de trazer esse tema, porque as diversas formas de violência impactam na vida das mulheres; limitam e violam direitos e refletem, direta e indiretamente, nas relações de trabalho", exemplificou a advogada.

Violência reflete no trabalho – Pesquisa recente da Universidade Federal do Ceará com o Instituto Maria da Penha, apresentada por Sandra na palestra, demonsta que a violência doméstica e familiar reflete diretamente nas relações trabalhistas. "Desde o absenteísmo à redução da produtividade, as muitas sequelas, físicas e emocionais, trazem uma série de repercussões nas relações de trabalho. E as empresas têm, sim, mecanismos para ajudar, para coibir. Trazer a informação para dentro das empresas, como a Sanepar está fazendo, auxilia essas mulheres a serem compreendidas e faz com que tenham mais um espaço de acolhimento", enaltece.

Presidente da ONG Mais Marias, a professora Adriana Filippetto falou sobre como as mulheres podem ser encorajadas, apoiadas e sobre o empoderamento. "Mulheres empoderadas são transformadoras sociais. No país em que a taxa de feminicídios é a 5ª maior do mundo, precisamos falar de empoderamento, de feminismo, que não é o contrário de machismo. De forma alguma. Ser feminista é ser a favor da igualdade e lutar para que não haja machismo mas, sim, direitos e deveres iguais para homens e para mulheres", reforça Adriana.

Para a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Fabiana Cristina de Campos, empresas precisam mobilizar seus quadros funcionais quanto ao tema, "no sentido de informar e orientar sobre as medidas de prevenção, de proteção e de combate à violência contra as mulheres. Essas palestras foram escolhidas, também, para mostrar que a violência contra as mulheres tem seus efeitos e repercussões no ambiente de trabalho", ressalta. "Quando falamos em empoderamento das mulheres estamos falando em dar força para que elas ocupem seus lugares e o façam com mais capacidade, com mais igualdade", enfatiza Fabiana.

O empregado da Sanepar em Pato Branco, Douglas de Vargas, disse que os exemplos apontados nas palestras remeteram à sua infância. Sua mãe, com 17 anos, fugiu de casa carregando-o no colo quando ele tinha apenas um ano de idade, para escapar das constantes agressões praticadas pelo pai, que era alcoólatra. "Hoje eu também sou pai e ainda me dói muito saber que minha mãe sofreu atos de violência mesmo estando grávida. É importantíssimo que as pessoas tenham coragem, não se calem e que ajudem a identificar casos de violência no seu círculo familiar, de trabalho ou da comunidade."

Abraçando a causa – A luta contra a violência e o assédio é causa levada a sério pela empresa. Desde 2016 a Sanepar divulga, em seu Relatório de Administração e Sustentabilidade, os indicadores de pessoal categorizados por gênero, seguindo as recomendações do Global Report Initiative (GRI).

A Sanepar deixou claro seu compromisso com a equidade ao criar o Equidade@Sanepar e aprovar, em fevereiro de 2017, sua Política de Equidade de Gênero, além de ser signatária do Compromisso com os Princípios de Empoderamento da Mulher (Weps) da ONU. Além de vagas para gestantes, licenças maternidade e paternidade estendidas, ainda este ano será lançado curso EAD sobre o tema, um material completo que servirá de instrumento pedagógico para a disseminação da cultura da igualdade na empresa.

Galeria

  • A advogada Sandra Bazzo Barwinski destacou os impactos da violência nas relações de trabalho
  • Diretora Fabiana Campos: empresas precisam mobilizar seus quadros funcionais quanto ao tema
  • Presidente da ONG Mais Marias,Adriana Filippetto falou sobre encorajamento e empoderamento