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Sanepar discute medidas para combater mexilhão dourado na Bacia do Iguaçu
Sanepar discute medidas para combater mexilhão dourado na Bacia do Iguaçu
26/07/2017
Molusco, espalhado por barcos e outros meios, agride instalações das hidrelétricas e estruturas do sistema de água
As instituições que integram o Grupo Gestor do Rio Iguaçu (GGRI) estão discutindo medidas, leis e outras ações de governo e de responsabilidade das pessoas para tentar evitar a contaminação do Alto Iguaçu com o mexilhão dourado, já presente nas águas do Médio e Baixo Iguaçu. O molusco, uma espécie invasora que adere às grades, turbinas, tubulações e aos cascos de barcos e a outras estruturas, tem poder de incrustação muito alto. As colônias incrustadas trazem prejuízo às hidrelétricas, comprometem o setor de abastecimento de água e prejudicam a indústria e o turismo.
“Esta espécie é ameaça e deve ser combatida. Vamos juntos pensar em barreiras para evitar o crescimento nas regiões afetadas e que cheguem ao Alto Iguaçu", alerta o coordenador do GGRI, Mario Celso Cunha.
Entre as possíveis barreiras a serem adotadas estão a criação de leis e mecanismos que impeçam o trânsito de barcos entre as regiões contaminadas e as livres do mexilhão courado. “A contaminação ocorre por ação do homem, pois o molusco, sozinho, não sobe o rio”, explica a bióloga Claudia Vítola, da Unidade de Recursos Hídricos da Sanepar.
Segundo ela, este tema deve ser cada vez mais frequente nas discussões dos Comitês de Bacias e Grupos Gestores, pois representa um alerta vermelho, diante dos riscos para o meio ambiente. Outras medidas devem ser implementadas para atividades relativas à extração de areia e repovoamento com alevinos, uma vez que a disseminação do molusco se dá pelo transporte de equipamentos e de água contaminada.
HISTÓRICO - O mexilhão dourado entrou no Brasil em 1991 vindo de Buenos Aires, Argentina, na água de lastro dos navios. Invadiu rios importantes do Estado, como o Paraná e o Iguaçu, e já contaminou cerca de 25 usinas hidrelétricas. Por enquanto, o único manancial da Sanepar afetado é o instalado no Lago de Itaipu, no Rio Paraná. Desde 2004, anualmente, os técnicos fazem a raspagem das incrustações presentes nas grades e tubulações da captação. A única captação de água destinada ao abastecimento pela Sanepar instalada diretamente no Rio Iguaçu está em União da Vitória, onde o mexilhão dourado não foi detectado.
No Médio Iguaçu, onde estão as usinas da Copel, o mexilhão dourado está presente em Salto Caxias, Segredo e Salto Santiago. A Copel usa o sistema de tubulação de resfriamento e grades de proteção das bombas e aplica um produto, aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), que impede a fixação do molusco e a formação das incrustações, mas que não elimina as colônias. O representante da Copel, Fernando Cesar Alves da Silva Ferreira, lembrou que "o mexilhão ainda não chegou ao Alto Iguaçu, mas preocupa e exige uma força-tarefa com plano de trabalho e ações urgentes com leis e barreiras, pois é muito difícil identificar as larvas."
Segundo o engenheiro químico Otto Samuel Mader Neto, pesquisador do tema há 15 anos, e que participou da última reunião do GGRI, o mexilhão dourado tem alta fecundidade, crescimento rápido, adaptação fácil e fixação em qualquer lugar na água. Técnicos da Universidade Federal do Paraná, há 10 anos, pesquisam a genética do mexilhão dourado.