Notícias

Lodo distribuído para incorporação ao solo: etapa é responsabilidade do produtor, mas a Sanepar acompanha tudo

Lodo da Sanepar aumenta produtividade na agricultura

29/05/2015

Na região de Guarapuava, todo o lodo resultante do tratamento de esgoto é usado por produtores rurais como adubo agrícola

O lodo ou biossólido, subproduto do tratamento do esgoto doméstico, há décadas é usado como adubo orgânico na agricultura em países como Brasil, Estados Unidos, Canadá, França e Austrália. A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) destina o lodo para uso agrícola desde 2002. De 2011 até 2013 foram enviadas cerca de 107 mil toneladas do produto para 104 agricultores, de 41 municípios paranaenses. Nas 12 estações de tratamento de esgoto da Unidade Regional da Sanepar de Guarapuava, a produção é de cerca de 1,8 mil tonelada de lodo por ano, totalmente destinado à agricultura.

A produção das 12 estações da região de Guarapuava é encaminhada para uma das cinco unidades de gerenciamento de lodo (UGLs). O processo de transformação do lodo em adubo agrícola é complexo. A legislação não permite que seja retirado das estações de tratamento e aplicado diretamente no solo. Inicialmente, o lodo precisa ser desaguado, para redução do volume, e higienizado com a adição cal, numa mistura entre 30% e 50%. Em seguida é estabilizado e armazenado, em lotes, pelo prazo médio de seis meses.

“Esse período é estabelecido para seguir o calendário de plantio da nossa região e para atender a necessidade dos agricultores pré-cadastrados”, explica o engenheiro agrônomo da Sanepar, Luciano Marcos Antônio. A legislação determina, também, que sejam feitas análises químicas, sanitárias e de potencial agronômico, para atestar a qualidade do produto. Estas análises são feitas em laboratórios contratados pela Sanepar.

SOLO MAIS FÉRTIL – A Sanepar é responsável pelo transporte e distribuição do lodo. A Companhia, além de dar destino ambientalmente correto para o lodo, beneficia os agricultores com um produto rico em minerais, sem custo. A única despesa do agricultor é com a incorporação do lodo no solo. Em Guarapuava, é distribuído duas vezes por ano. Em 2015, a primeira entrega foi feita em maio.

O agricultor Gilberto Veronese é um dos beneficiados. A primeira vez que aplicou lodo foi antes do plantio da soja, em 2011, em uma propriedade no município de Laranjeiras do Sul. Este ano, ele recebeu 980 toneladas. “Nunca tive dúvida do potencial do lodo agrícola. São feitas análises do lodo e do solo para saber exatamente onde e em que quantia é necessário aplicar. Há pouco tempo fizemos uma coleta para análise de precisão e a melhoria do solo é visível”, conta.

O engenheiro agrônomo que cuida das propriedades de Veronese, Márcio Dulnick, confirma. “A produtividade de soja aumentou 8.59 sacas por alqueire. Um aspecto bastante positivo é a melhoria da estrutura do solo. Os índices de cálcio, magnésio, potássio e fósforo aumentaram. O resultado disso é um solo mais rico e bem preparado. Quando há um período de estiagem, por exemplo, é possível perceber que o produtor colhe mais do que aquele que nunca incorporou o lodo agrícola ao solo”, destaca. Isto ocorre porque lodo, como matéria orgânica, contribui para o aumento da atividade biológica, melhora a absorção da umidade e possibilita melhor desenvolvimento vegetal.

De acordo com a Unidade de Gestão Ambiental da Sanepar, o lodo apresenta bom desempenho nas culturas de trigo, soja, feijão, milho e no reflorestamento. “Os próprios produtores asseguram que, além de ser um insumo gratuito, o lodo de esgoto aumentou significativamente a produtividade de suas lavouras. Um agricultor de Pitanga, por exemplo, utilizou o lodo em 20 dos 45 alqueires de soja que tinha. Onde não aplicou lodo colheu 140 sacos por alqueire e onde aplicou, foram 160 sacos por alqueire”, conta Luciano.

PROCESSO MONITORADO – A Sanepar faz o acompanhamento dos processos que envolvem o lodo desde o início: da sua preparação para que se enquadre à legislação ambiental, da aprovação das áreas onde será aplicado até a entrega do material. O lodo só é liberado para uso agrícola após todas as análises atestarem suas condições de uso dentro dos padrões da legislação. Após a incorporação do lodo no solo, a Sanepar continua visitando e monitorando as propriedades dos agricultores. Todo o processo, para cada lote de lodo e cada propriedade onde é aplicado, é registrado em fotos e relatórios. Anualmente, são enviados relatórios sobre a destinação agrícola do lodo ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que é o órgão fiscalizador do processo.

Galeria

  • Lodo distribuído para incorporação ao solo: etapa é responsabilidade do produtor, mas a Sanepar acompanha tudo
  • 12 estações de tratamento de esgoto na região de Guarapuava produzem cerca de 1,8 mil tonelada de lodo ao ano
  • Lodo já pronto para uso agrícola é retirado dos pátios das UGLs, com destino à propriedade do agricultor
  • Lodo já pronto para uso agrícola é retirado dos pátios das UGLs, com destino à propriedade do agricultor
  • Equipe da Sanepar, de caminhonete, acompanha a chegada do lodo na propriedade do agricultor; todas as etapas são monitoradas
  • Lodo é descarregado na propriedade do agricultor. Gastos com carga e transporte são custeados pela Sanepar