Evento reuniu representantes dos governos brasileiro e alemão, instituições de pesquisa e empresas de alta tecnologia dos dois países

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) realizaram na última sexta-feira (15), em Curitiba, um workshop internacional sobre a produção de hidrogênio renovável a partir do esgoto. O evento promoveu um debate de padrão internacional com palestrantes dos Governos do Brasil e da Alemanha, de instituições de pesquisa e inovação e empresas de alta tecnologia dos dois países. Participaram cerca de 300 pessoas de forma presencial e virtual.

Em três painéis, o evento abordou as rotas tecnológicas para a obtenção do hidrogênio renovável, os avanços regulatórios e o potencial de mercado, além de iniciativas em andamento que possibilitam a descarbonização de setores produtivos.

Na abertura do workshop, diretamente da Alemanha, por meio de vídeo, a representante do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Proteção ao Consumidor (BMUV) da Alemanha, Nilgün Parker, destacou a importância da disseminação das pesquisas sobre tecnologias de baixo impacto.

“Na Alemanha, estamos trabalhando para introduzir novas tecnologias renováveis no mercado, o que vai significar um grande diferencial na elevação dos padrões de sustentabilidade e de melhoria das condições de vida da população mundial. O hidrogênio renovável é parte central desse processo. Por isso, a parceria bem-sucedida do governo alemão com a Sanepar e a AHK me deixa muito feliz uma vez que há potencial de escala no Brasil. Essa união dos esforços pode produzir resultados com viabilidade legal e econômica”, disse.

O diretor-presidente da Sanepar, Claudio Stabile, falou que o trabalho desenvolvido pela Companhia é motivo de orgulho. “Temos uma equipe profissional que é a mola propulsora dos resultados que estamos obtendo. Estamos atentos ao que está sendo produzido e pesquisado no mundo para promover a economia circular nos nossos processos. O uso do biogás oriundo do esgoto para a produção de hidrogênio renovável é disruptivo para o setor de saneamento ambiental brasileiro. É um grande desafio, porém é uma grande oportunidade e nos faz ir em frente e colaborar com a agenda mundial da transição energética”, ressaltou.

PARTICIPANTES – Entre os debatedores, além da Sanepar e AHK, estavam também representantes do governo brasileiro, como Ministério das Minas e Energia (MME), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), do Cibiogas, da Secretaria de Planejamento do Paraná, da Agência reguladora do Paraná (Agepar), da Copel, das empresas alemãs Graforce e BlueMove, da empresa alemã-brasileira Hytron NEA e da empresa pública alemã NOW.

SANEPAR – A Sanepar, junto com a Copel, apresentou o andamento dos estudos de produção de hidrogênio renovável a partir da reforma catalítica do biogás obtido no tratamento de esgoto. Será construída uma unidade de produção com capacidade de 14 kg de H2/dia, o equivalente ao abastecimento de três carros elétricos. Será a primeira planta do Brasil a produzir hidrogênio renovável focada na reforma catalítica a seco do biogás oriundo do esgoto. Esse projeto foi aprovado em primeiro lugar na Seleção Pública MCTI/FINEP/FNDCT, com orçamento de R$ 12 milhões, com recursos da Finep, Sanepar e Copel. Também são parceiros o Cibiogás e a UFPR como Instituições de Ciência e Tecnologia parceiras.

Em parceria com a AHK Rio e recursos do governo alemão, está em andamento estudo de viabilidade para a introdução de tecnologias renováveis de produção de hidrogênio em estações de tratamento de esgoto no Paraná. Uma equipe de consultores está trabalhando em parceria com a Sanepar na avaliação de aspectos mercadológicos, regulatórios e modelos de negócios. Iniciado em maio, o projeto já indica que as plantas de esgoto da Sanepar têm potencial de produzir mais de 60 milhões de metros cúbicos de hidrogênio renovável por ano e que há cerca de 300 clientes potenciais no Paraná que já utilizam hidrogênio em seus processos produtivos.