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Experiência do colégio da professora Salete e da aluna Mirian foi levada para outra escola

Professores e alunos que monitoram rios urbanos se reúnem em Pinhais

09/12/2014

Eles participam do programa adotado por 37 escolas e 1800 alunos do Paraná que dissemina o conceito de sustentabilidade

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) recebe, nesta terça e quarta-feira (9 e 10), no Parque das Nascentes, em Pinhais, 120 alunos e professores das escolas paranaenses que participam do programa Sustentabilidade: da Escola ao Rio. Eles vieram de diversas regiões do Estado e estão reunidos para trocar experiências e compartilhar os resultados do monitoramento da água dos rios do Paraná e dos resíduos sólidos nas áreas de mananciais. A programação do seminário inclui ainda oficinas e visitas monitoradas.

Implantado pela Sanepar em parceria com a Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre) e a Secretaria de Estado da Educação (SEED), o programa já foi adotado por 37 escolas e dele participam 1800 alunos. O programa dissemina o conceito de sustentabilidade e sua aplicação na conservação dos recursos hídricos. Os alunos, acompanhados por técnicos da Sanepar e por professores, fazem o monitoramento dos rios próximos à escola, na maioria das vezes utilizados pela Sanepar para abastecer as cidades.

Durante a coleta das amostras de água em quatro pontos do Rio Reserva, a turma do segundo ano de Qualificação em Agropecuária da Casa Familiar Rural do município de Reserva identificou os aspectos que comprometem o meio ambiente da região. De forma inédita, decidiram ir além das atividades previstas pelo programa e apresentaram, na Câmara Municipal, o manifesto que convoca o poder público e a sociedade a resolver as situações que representam riscos para as pessoas, para os animais e para o principal manancial da cidade. Entre as 19 sugestões apresentadas, eles reivindicam a colocação de cerca no atual lixão e a construção do aterro sanitário.

Todos podemos contribuir para reverter as situações críticas. Os moradores devem fazer a ligação correta do esgoto e reduzir a geração do lixo”, recomenda a aluna Emily Feliciano de Freitas, 15 anos, que participa do programa e ajudou a elaborar o documento, lido em sessão plenária da Câmara com a presença do prefeito. A jovem, que mora na área rural de Tibagi, convenceu o pai a fazer a cerca necessária para impedir o acesso de animais às nascentes e a plantar a mata ciliar no trecho do Rio Capivari de Baixo, que deságua no Tibagi. “Convencer meu pai foi uma grande conquista. E já estou negociando com dois vizinhos para que façam o mesmo”, disse ela.

De acordo com a professora Losangela Lacerda Ribeiro, as autoridades locais ficaram sensibilizadas com os resultados apresentados pelos alunos. “O prefeito nos informou que está buscando recursos para construir o aterro, mas enfrenta dificuldades” Quanto ao programa da Sanepar, ela diz que “como os problemas identificados são sérios, ele deve ser contínuo, promovendo a gestão do que é de responsabilidade do poder público e estimulando a sociedade a assumir o que lhe cabe”.

ALUNO ENSINA ALUNO – Os participantes do Colégio Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, de Pinhais, decidiram ampliar o programa disseminando os conceitos de sustentabilidade entre alunos e professores da Escola Municipal Durval Secchi, do município vizinho de Colombo, que atende 200 crianças do ensino fundamental. Para a aluna do terceiro ano do curso Técnico em Meio Ambiente, Mirian de Souza da Rosa, 17 anos, a realidade é muito diferente da teoria. “A prática é mais difícil. Percebemos que as pessoas não têm informação e não sabem como agir para cuidar do que é comum. Por isso, decidimos apostar no futuro, ajudando na disseminação da informação junto aos pequenos alunos. O programa da Sanepar é muito forte porque nos permite fazer acontecer.”

A professora Salete de Paula assegura que foi importante para alunos e professores das duas instituições de ensino desenvolver as atividades de educação ambiental. “Ensinamos por meio de jogos, orientamos a fazer a limpeza da caixa-d’água e levamos informações sobre como é feito o tratamento de água. As crianças vão contar em casa o que viram e, assim, disseminamos os conceitos de sustentabilidade.”

O professor Marcos Trindade, diz que no Colégio Iglea, em Cianorte, o programa foi utilizado pelos professores para alavancar a busca pelo conhecimento. Os alunos do ensino médio regular foram estimulados a ir além da sala de aula. Visitaram as estações de tratamento de água e de esgoto e pesquisaram sobre sustentabilidade nos aspectos econômicos e sociais. “Despertamos nos alunos a busca pela informação de forma multidisciplinar”, diz Marcos.

Ele lembra que o professor de Geografia, que nasceu na região, trouxe informações sobre historia, geografia e aspectos sociais do entorno do Córrego Apui, afluente do Ribeirão Bolívar – manancial da cidade. “Dentro de um roteiro educacional, inserimos o programa na aprendizagem”, diz o professor Marcos. A proposta é elogiada pela aluna Talita Ribeiro, 17 anos. “É uma experiência bem marcante, que promove a consciência social dos alunos. Ao aprender sobre a bacia, tivemos uma nova percepção e conhecimento social que passamos para a família e, assim, todos descobrem que devem cuidar do nosso bem maior.”

Para o superintendente da Unilivre, Ramiro Wahrhaftig, o programa Sustentabilidade: da Escola ao Rio “é uma excelente abertura que a Sanepar oferece à sociedade. De alcance excepcional, é uma linda parceira que temos para atuar com professores e jovens que monitoram a qualidade da água dos rios que lhes servem de manancial”.

A atuação dos professores e dos alunos também é destacada pela superintendente da Secretaria da Educação, Eliane Rocha. Segundo ela, ao participar do programa, os professores, de forma interdisciplinar, promovem atividades que sensibilizam a sociedade a preservar o meio ambiente. “É, também, muito importante o estímulo que oferecem aos alunos para desenvolver habilidades, como a pesquisa e o senso de responsabilidade com o meio.”

Galeria

  • Experiência do colégio da professora Salete e da aluna Mirian foi levada para outra escola
  • Participantes da Casa Familiar Rural de Reserva, como a aluna Emily e a prof. Losangela, apresentaram manifesto ao poder público
  • Professor Marcos e a aluna Talita destacam a interdisciplinaridade proporcionada pelo programa
  • Professores e alunos de 37 escolas participam do seminário realizado no Parque das Nascentes
  • Para Eliane Rocha, da Secretaria da Educação, o programa estimula que o alunos desenvolvam habilidades